Muda meu mundo: oficina de hortas domésticas

Por Ana Karoline Oliveira
Especial para o Sabores da Cidade

No dia 7 de maio tive a oportunidade de participar de uma oficina sobre hortas domésticas promovida pelo movimento Muda meu mundo. Sempre tive o interesse em montar um lugar para meus temperos, ervas e até mesmo umas flores, porém me faltava dar o primeiro passo e ainda que haja muito material na internet, de vídeos a apostilas, eu continuo achando mais interessante aprender presencialmente, trocando ideias com os demais participantes.

Como nutricionista e gastrônoma entendo que a qualidade do que comemos começa na forma como o alimento é plantado; é resultado da preocupação que o produtor tem com a nossa saúde, com o solo e o respeito a todos os trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva. É preciso entender a saúde de forma global e não apenas como a ingestão de calorias e nutrientes.

Assim, durante o evento, tive a oportunidade de conhecer o Alexandre Caíque, responsável pela orientação no plantio das hortaliças que são vendidas na feira que acontece regularmente. Esse contato foi esclarecedor: perceber que os envolvidos na orientação do agricultor levam a sério a preocupação com um produto limpo, justo e honesto, muito mais que apenas bonito.

A oficina em si proporcionou muitos conhecimentos sobre preparo da terra, das sementeiras e vasos, das espécies mais adequadas ao nosso clima, condições de solo, vento, luz, e água para o desenvolvimento das plantas. Muitas novidades para mim, nascida e criada na cidade grande, sem nenhum contato prévio com a terra, mas com muita vontade de conhecer cada vez mais sobre o tema da agroecologia.

Para muitos participantes, essa foi a primeira vez que puderam segurar húmus, causando estranhamento ao perceberem a presença de minhocas. Fui das que não tive receio, afinal se vou ter uma horta em casa, tenho que me acostumar com ideia de sua presença. Esse fato gerou o debate sobre a presença de insetos benéficos que a horta ocasiona, sobre controle de pragas de modo natural e sem uso de defensivos agrícolas.

Muitas dicas que não encontramos pela internet como soluções de problemas que algumas participantes apresentavam em suas hortas foram dadas no decorrer do dia. Foi uma verdadeira aula sobre alimentação, servindo para nos mostrar o valor do alimento produzido sem agredir o solo ou a saúde do trabalhador rural. O intercâmbio de ideias entre aqueles que como eu, ainda não tem sua horta, e os que já estão bem adiantados também fez toda a diferença.

Como nutricionista e gastrônoma, vejo a necessidade de mais atividades que aproximem o consumidor da origem dos alimentos. Acostumados que estamos a adquiri-los em supermercados, esquecemos o cheiro da terra, a importância que alguns animais tem na produção de alimentos e não percebemos as mudanças e os ciclos de crescimento das plantas. Perdemos a noção de sazonalidade, tão importante para a qualidade nutricional, acabamos comendo sempre as mesmas hortaliças e frutas, que muitas vezes apresentam sabores parecidos. Esquecemos daquelas espécies que brotavam nos quintais das nossas avós ou nos sítios tão comuns na infância.

Deixo aqui o meu agradecimento à equipe Muda meu Mundo por proporcionar um momento tão rico de troca de conhecimento e fico na expectativa por novos cursos, que nos envolvam cada vez mais nesse universo, e tragam mais pessoas: crianças, adolescentes, cada vez mais distantes do contato com a terra e com a produção de alimentos em geral.

 

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