Entrevista: chef Rosele Tejada e a boa comida com simplicidade

Rosele Tejada conta sua trajetória, fala do Ventana, e de sua relação com a gastronomia

Rosele Tejada é chef, cozinheira e consultora e escolheu a Praia de Iracema para fincar raízes. Gaúcha, a chef tem uma longa experiência no comando de bares e cozinhas tradicionais, além de consultoria para restaurantes renomados e premiados. Em conversa com o Sabores da Cidade, a chef fala sobre o Ventana, uma janela que tem a proposta de servir um sanduíche recheado de sabores nacionais e internacionais, com bons ingredientes e preço acessível. Confira a entrevista completa:

Chef Rosele Tejada (Foto: arquivo pessoal)

Onde você nasceu e como veio para o Ceará?
Sou Gaúcha por nascença e cearense de coração. Nasci em Camaquã, extremo Sul do Brasil e, em 1985, me apaixonei pelo Ceará, quando vim conhecer o Estado durante minhas férias. Dois meses depois, já estava morando em terras alencarinas.

Para você, o que é comida boa?
Comida boa é aquela comida que é feita com respeito aos ingredientes, desde a compra até a finalização, usando o conhecimento e sendo a mais simples possível.

Como foi sua trajetória na gastronomia? Como chegou até aqui?
A gastronomia faz parte da minha vida desde os 18 anos. Eu iniciei minha história fazendo festas infantis e, em 1992, tive um bar, que era muito bem frequentado em Fortaleza, chamado 90° Graus Celso Bar, na Praia de Iracema. O lugar ficou famoso por minhas deliciosas panquecas, até hoje as pessoas ainda comentam quando chegam no Ventana. Por ser autodidata, eu sempre busquei me aperfeiçoar e decidi passar uma temporada no Sul estudando panificação e confeitaria. Em 1998, retornei ao Ceará sendo consultora de restaurantes como Bar Arre Égua, Café Cultura no Dragão do Mar, e o Colher de Pau aqui, em Fortaleza, e em São Paulo. Este último foi o restaurante que me rendeu três anos consecutivos do prêmio de Melhor Cozinha Brasileira de SP. Após uma temporada como chef de restaurantes renomados na capital paulista e em Angra dos Reis, retornei para Fortaleza assumindo a cozinha do Bocca Bistrot e posteriormente do Hotel Villa Selvagem em Pontal do Maceió, para só então decidir abrir o Ventana.

Como surgiu a ideia do Ventana? Qual o conceito?
O Ventana surgiu após um ano sabático em que refleti como poderia levar o melhor da minha culinária para a rua. O cardápio une todo o meu aprendizado com informalidade, em um jeito leve de servir boa comida em sanduíches. Todos os sanduíches têm um pouco de tudo que aprendi nesses anos e que gosto de comer, desde a escolha dos ingredientes até a forma de cocção e finalização.

O que você planeja para o futuro do Ventana?
O Ventana tem um conceito muito diferente dos tradicionais sanduíches de Fortaleza. Com isso, o desejo é que, após toda essa situação econômica e sanitária, possamos conquistar novos espaços na cidade e quem sabe em outros Estados.

Quando não está trabalhando, quais restaurantes gosta de frequentar?
Eu moro e trabalho na Praia de Iracema, adoro frequentar os espaços que ela me oferece. Então, quando estou com dias livres, costumo ir na Pizzaria Italia da Gabrielle, no Mar de Rosas e no La Bella Italia.

Tirando a que você faz, claro, qual sua comida preferida? E quem faz?
Gosto de todo tipo de comida. Minha comida preferida é arroz, feijão e bife de fígado acebolado com jiló. Aqui em Fortaleza ainda não encontrei quem faça algo semelhante, então, quando quero comer, eu mesma faço. Já um restaurante em que eu gosto de comer é no Le Cuisinier do Chef Juarez Santana, que tem uma comida maravilhosa.

No contexto atual, como você avalia o atual cenário gastronômico da capital cearense?
Fortaleza vem em um ritmo de crescimento em qualidade e diversidade na gastronomia local que é bem animador. É muito bom ver novos cozinheiros conquistando seus espaços e desenvolvendo um bom trabalho.

Pitadas da Rosele

O que não pode faltar na sua cozinha?
Não pode faltar boas facas. Páprica defumada espanhola, zaatar libanês, óleo de gergelim tostado, um bom molho de soja japonês, azeite de oliva e Som.

Uma música pra ouvir cozinhando?
Sou bem eclética quanto a som minhas play list São bem variadas passeiam pelo blues, jazz, rock , bossa nova e samba .
Dependendo do dia e meu humor.

Qual receita de família é marcante para você? De quem é?
Morcela (sangue e miúdos do porco) e sopa de Garbanzo (sopa de grão de bico com costela defumada de porco) da minha avó materna Zaida e o arroz carreteiro da minha mãe Alba.

Livro predileto
Cozinha Confidencial. Anthony Bourdain fala bem da realidade de uma cozinha .

Para você, quais os sabores da nossa cidade?
Fortaleza tem sabor de mar, sinto sabor de peixada com pirão, camarão ao alho e óleo e peixe frito com grolado.

Comentários

Comentários

Latest articles

Related articles