Crônica – Fortaleza: um prato cheio de mar e sertão

Dia 13 de abril de 2023, Fortaleza completa 297 anos de fundação. E o nosso jeito de celebrar só poderia ser falando de comida

Por Italo Borges e Izakeline Ribeiro*

Nossa cidade é do litoral, mas com uma raiz firme no sertão. Uma Fortaleza que funde afetos e sabores numa vastidão de cearensidade. Sim! Um sentimento de pertença a essa terra em que nascemos ou que nos acolhe é a tônica escolhida, nesse espaço, para a celebração desse 297º aniversário.

Cidade onde o privilégio da brisa do mar se une à alvorada sertaneja, pode-se, nessa grande Fortaleza, desfrutar desde uma peixada na água grande até uma galinha de capoeira, quiçá um capote. A Fortaleza do jambo maduro colhido no pé, do tilintar do triângulo e de um tambor de metal repleto de “chegadinhas” coexiste harmonicamente com a Fortaleza do peixe frito ou assado na brasa e do caranguejo com pé na areia da Praia do Futuro.

É impossível deixar de mencionar o tradicional pastel com caldo de cana na Praça do Ferreira. A alguns passos dali, outra parada obrigatória é comer queijo coalho, paçoca de carne de sol, uma dose de cachaça Serra Grande no Raimundo do Queijo. Se estiver na hora do almoço, buffet do Café Passeio com pratos variados a ser apreciado em um dos lugares mais agradáveis da cidade é a melhor pedida. Seja durante a semana ou no fim de semana.

Ainda no Centro, comer um bom prato feito do Zena Restaurante e dar de cara com a própria Zena, seja no balcão ou no atendimento das mesas, é uma das experiências mais fortalezenses que se possa vivenciar. A comida caseira (a bola de carne…), o ambiente com aquela “zuada” de gente conversando e comendo, na temperatura ideal de pedir um São Geraldo (refrigerante de caju) formam o combo preferido de muitos moradores dessa cidade, certamente, saudosos no momento.

Nas calçadas dos mais diferentes bairros ou nas praças de Fortaleza não pode faltar uma barraca de pratinho. Uma comida de rua em Fortaleza que consiste em um pequeno prato (tipo aquelas cumbucas de plástico) – com porções generosas -normalmente composto de arroz ou baião de dois; paçoca ou farofa; creme de galinha ou vatapá; alguma salada, tipo salpicão ou de repolho refogado. E não para por aí. A lista de possíveis extras vai desde a carne de sol desfiada, passando por calabresa acebolada até espetinhos, arroz de camarão. O que a “tia do pratinho” estiver disposta a preparar no dia também ganha um espaço entre as panelas. Antes, era vendido somente em barraquinhas de festas juninas, mas acabou se tornando presente durante todo o ano e a comida preferida de muitos fortalezenses.

Pratinho

E por falar dos costumes de uma data específica que ganham o nosso coração de uma forma tão especial que queremos comer durante o ano todo, o que dizer do pão de coco? Essa iguaria é comum na Páscoa cearense e garante um bom faturamento para as padarias nesse período, mas esteja certo de que é um pão que não pode faltar em nenhuma época do ano. Essa maravilha é tão versátil que faz a alegria com uma simples fatia com manteiga até em prato de restaurante chique.

Por falar nisso, a gente ama sim os restaurantes mais sofisticados, mas se tem uma comida afetiva e com gostinho de casa é a dos boxes do Mercado São Sebastião. É lá que Fortaleza se encontra com sua raiz sertaneja no prato. Buchada, panelada, cozidos de carneiro são algumas das alegrias servidas sempre com uma boa farofa de cuscuz no próprio caldo. Cuscuz que também vira merenda e passa de acompanhamento a prato principal. Afinal, “cuscuz rende um dia inteiro de alimentação”, como disse Juliete Freire no BBB21. Outra merenda que não falta na mesa de Fortaleza é tapioca. Seja em casa, na cafeteria, no Centro das Tapioqueiras ou mesmo nos carrinhos de esquina.

Em outro mercado, agora o dos Peixes, Fortaleza se encontra com os sabores do litoral. Lá, o peixe frito ou frutos do mar chegam à mesa sempre com uma farofa. Antes do preparo, você pode escolher seu pescado nos boxes de vendas e levar direto para o preparo nos “boxes de fritura”. Comida simples, cerveja gelada ou caipirinha e uma das melhores vistas da cidade!

São tantas as possibilidades e contrastes que se harmonizam numa diversidade, que contribui na formação de nossa identidade enquanto fortalezenses, nos entusiasma a sempre manter um elo com nossa urbe, seus saberes e sabores.

Texto escrito por Italo Borges e Izakeline Ribeiro
*Italo Borges é servidor público e Izakeline Ribeiro é jornalista especializada em Gastronomia. Entre tantas paixões em comum, uma certa é a história de Fortaleza, seus personagens e cultura, especialmente as que envolvem boas comidas. Juntos, realizam o Tour Sabores da Cidade. A iniciativa combina histórias de Fortaleza com degustações de comidas e bebidas durante o percurso. O passeio está disponível no airbnb e aqui no site também. Nos momentos de lazer, Italo assina crônicas aqui e Izakeline publica matérias e guias gastronômicos.

Quais comidas te fazem feliz em Fortaleza? Deixe seu comentário!

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