Wellington Teixeira, o Well, trocou o sonho da biologia marinha pela paixão na gastronomia, encontrando sua vocação na confeitaria. O que começou como um hobby ainda na infância transformou-se em uma carreira profissional.
A participação no MasterChef Confeitaria, uma variação do popular programa MasterChef, foi a realização de um sonho e uma validação de todo o seu esforço técnico acumulado. Mesmo enfrentando a pressão do tempo e a saudade da família, o programa serviu como um carimbo de excelência para sua trajetória.

O chef busca elevar os sabores do Ceará ao nível da sofisticada patisserie francesa, incorporando elementos locais como caju e tapioca. Com destaque para a cultura alimentar regional, os ingredientes nativos ganham protagonismo por meio de suas criações.
Atualmente, Wellington explora o universo digital. No Instagram, o profissional acumula mais de 240 mil seguidores. No mercado, o confeiteiro vem buscando a valorização da confeitaria. Para ele, o trabalho do confeiteiro é extremamente preciso e deve ser valorizado como o protagonista nas cozinhas.
Para 2026, os desejos são diversos, mas o chef confeiteiro quer ver as pessoas provando mais do seu trabalho, esse é o seu maior objetivo para o futuro próximo.
Sua trajetória é como a montagem de um “entremet”, com camadas de técnica, um recheio rico em tradições regionais e uma cobertura de reconhecimento conquistada com o tempo. Leia a entrevista completa abaixo.
LEIA TAMBÉM: Tendências gastronômicas no Ceará para 2026
Sabores da Cidade: Wellington, como começou a sua história com a gastronomia e, mais especificamente, com a confeitaria? Vem de infância?
Eu sempre gostei de cozinhar, desde a infância. Porém, ninguém da minha família tem uma história com a cozinha. Era um hobbie bem meu. Quase como uma terapia. Porém, eu não tinha pretensão de exercer isso profissionalmente. Na adolescência minha pretensão era me tornar Biólogo Marinho.
Por falta de campo de trabalho nessa área e influência de amigos, decidi ir pro caminho da gastronomia, que era algo que eu amava. Me formei em Hotelaria e comecei a trabalhar em restaurantes. Em um desses restaurantes tive o primeiro contato com a confeitaria e me apaixonei. A partir daí busquei empregos apenas em confeitarias, para me especializar.
Como os sabores do Ceará influenciam nas suas criações dentro da cozinha?
Os sabores do Ceará me influenciam bem menos do que eu gostaria. Nossas especiarias e frutas nativas são pouco comerciais. É difícil encontrar uma pitomba, mangaba, murici nos mercados de bairro. O caju, mesmo em época, está caríssimo. É preciso ir ao Centro ou nas vendas de estrada.
Por isso o contato com esses sabores é pouco, mas eu sempre tento incorporá-los de alguma forma nos meus doces. Ao fazer um entremet, trago a castanha de caju, tapioca, cajá. É uma forma de levar nossa cultura alimentar ao patamar de sobremesas dignas de uma patisserie francesa.
Sobre o MasterChef, você lembra do primeiro dia do programa? Quais eram os sentimentos?
O MasterChef foi uma experiência surreal. No primeiro dia fui tomado por medo. Ansiedade a mil. A única coisa que eu pensava era em não ser eliminado no primeiro episódio (risos).

Como foi a preparação até chegar no MasterChef? Participar era um sonho?
Participar do MasterChef era um sonho. Antes de existir a categoria MasterChef Confeitaria eu e mais dois amigos, Pedro Paulo e Diego Freire, sócios do Muvuco Boteco do Mar, tínhamos um combinado, todos iriam se inscrever no Master e aquele que passasse, os outros iriam treiná-lo.
Pena que quando eu passei, não teve tempo suficiente pra rolar o treinamento, mas foi massa demais.
Existe um Wellington antes e depois dessa participação no programa? E por quê?
Acredito que não. Apesar do programa abrir muitas portas, principalmente no mercado digital, uma forma diferente de trabalhar ao qual eu ainda não conhecia, antes do Master eu já estava profissionalmente estabelecido.
O Master foi mais uma validação de tudo o que eu já tinha cultivado. Aquele carimbo de “tu é bom mesmo”, “valeu a pena perder noites acordado”. Mas eu continuo o mesmo na essência. Com ainda mais sede de aprender e me aperfeiçoar.
Quais foram os maiores desafios técnicos e emocionais enfrentados durante a competição?
O maior desafio foi ficar tanto tempo longe da família. Fiquei o total de 40 dias em São Paulo para as gravações. Minha esposa e meu filho são meus grandes amigos, meu alicerce. Ficar tanto tempo longe deles foi ruim demais. Sem ver minhas irmãs, meus pais. Chega um momento que a saudade aperta e você quer largar tudo e voltar.
Já a nível técnico, o maior desafio é o tempo. A Confeitaria exige mais tempo pra que os preparos sejam bem elaborados. Então, além de ter que pensar numa sobremesa em segundos, ainda é preciso montar uma estratégia para conseguir entregar dentro do tempo. É muito difícil.
O quanto o programa mudou a sua visão sobre a confeitaria e sobre você mesmo como profissional?
O programa me ajudou a enxergar ainda mais a Confeitaria como uma protagonista. Nas cozinhas, a confeitaria é colocada de escanteio e nós, todos os participantes, conseguimos mostrar o quão técnico e preciso é o trabalho do confeiteiro. Nossa profissão precisa ser mais valorizada e respeitada.

Sobre a criação de conteúdos sobre gastronomia, como tem sido essa aventura no mundo digital?
Uma delicia! Eu sempre fui apaixonado pelo audiovisual, já fiz curso de cinema pelo Movimento Criativo na Universidade Federal do Ceará e, hoje, poder produzir conteúdo de Confeitaria e ganhar dinheiro para isso é um sonho.
Um universo bem diferente de uma cozinha. Antes minha preocupação era em atingir um sabor excelente e uma apresentação espetacular, agora é criar o gancho viral que vai prender meu espectador nos primeiros três segundos. Meu desafio é entrar na guerra da viralização, porém com um conteúdo técnico. Não suportaria virar um besteirol só pra ganhar views.
Quais os planos para o futuro? Como está o processo da criação de chocolate da sua própria marca?
Tenho muitas ideias e poucos braços pra abraçar tudo, mas uma grande vontade é abrir minha confeitaria. Um lugar onde as pessoas possam provar meus doces, meus chocolates. Mais do que produzir, ver as pessoas provando e validando esse trabalho seria muito satisfatório. Espero que saia do papel ainda em 2026.
Conta pra gente, quem é o Wellington quando não está na cozinha? O que gosta de fazer no tempo livre?
Sou o filho da Dona Regina, que ama sentar comigo pra tomar um café e fofocar por horas sobre tudo. O pai do Miguel, que faz questão de dividir o tempo tocando bateria, jogando videogame, criando artesanatos ou simplesmente inventando teorias sobre qualquer coisa.
O marido da Fernanda, que espera ansiosamente o momento de sentar no sofá pra assistir às nossas séries e conversar sobre o dia entre um episódio e outro. E quando estou só, meu violão me faz companhia, traduzindo em música tudo aquilo que às vezes faltam palavras.