
O chef Rodrigo Oliveira, mais conhecido como Rodrigo Mocotó, proprietário de diversos estabelecimentos especializado em comida nordestina em São Paulo, participou de evento no Senac, em Fortaleza, em outubro do último ano. Na ocasião, o chef conversou com o Sabores da Cidade.
Rodrigo Mocotó tem vasta carreira no mundo da gastronomia. Em sua empreitada mais recente, o chef está como jurado da temporada atual do programa culinário Master Chef Brasil.
Ao portal, o chef que ministrou a palestra “Você quer ser o melhor restaurante do mundo ou um restaurante melhor para o mundo?”, destacou a importância de enxergar nas pessoas o verdadeiro sentido de um restaurante, compreendendo desde os colaboradores e clientes, até os fornecedores.
“Eu acredito que a grande especialidade de um restaurante não é feijão, arroz, nem vinho, nem cerveja, são pessoas. E, especialmente, relacionamentos. Então, com esse poder de tocar as pessoas, de nutrir, de restaurar, esse é o nosso super poder”, afirma o profissional.
Ele continua: “E, em primeiro lugar, as pessoas que trabalham no restaurante. São elas que estão ali todo dia, é onde a gente tem maior chance de impacto, de transformação”.
“Então, acredito que tem dias, que a gente começa tocando as pessoas que trabalham ali, as que vão comer, os nossos fornecedores, a nossa comunidade, para só daí a gente ter um negócio sustentável e do ponto de vista financeiro mesmo, prático. Um negócio que não atende, que não cuida dessas pessoas, dificilmente vai durar ao longo do tempo”, disse ao Sabores da Cidade.
Outro ponto ressaltado pelo profissional são as práticas sustentáveis que podem ser incorporadas aos negócios para que esses empreendimentos sejam ecologicamente correto. Nesse aspecto, Rodrigo comentou que “tem tanto a fazer, às vezes não saber por onde começar vai deixando a gente paralisado”.
Mas ele diz que para tornar um negócio mais sustentável, “começaria pelo que está mais fácil, mais prático. Por exemplo, se o seu negócio depende muito de embalagens de plástico, se o delivery é todo focado em plástico, começa aí”.
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“Encontre alternativas. O mercado já tem boas alternativas. Se não abolir o plástico, usar o mínimo, por exemplo. Se você consome muita água, tem processos que despendem muita energia elétrica, certeza que há tecnologia e processos suficientes que vão ajudar a ter um resultado melhor. E ajudar em tudo, não só na conta ambiental, mas na conta do fim do mês também”, complementou.
A relação do chef com toda a estrutura que alimenta os seus negócios é uma relação que ele busca valorizar. “A gente costuma se relacionar com fornecedores só por meio de contas e boletos, mas a gente precisa se aproximar para entender o que está por trás disso, as pessoas, as dores, as dificuldades e os potenciais que tem”, ressalta.
“Cada vez que a gente visita um fornecedor, seja um grande frigorífico, seja uma pequena família produzindo numa propriedade, não importa, a gente sempre sai de lá inspirado e leva alguma coisa, deixa alguma coisa”, conta Rodrigo Oliveira.
Ele finaliza: “Então, estar perto, conhecer as pessoas, o rosto, a paisagem, de onde vem esse alimento, acho que é o passo mais importante”.