
Mônica Farias tem uma trajetória fortemente ligada ao café do pé à xícara. A empresária e administradora do Sítio São Roque, que produz o grão seguindo os princípios de agrofloresta, passou a atuar no mundo da cafeicultura ainda quando seu pai, Gerardo Farias, em vida, passou os ensinamentos e instruções do negócio familiar para ela.
Nascida em Mulungu, no Maciço de Baturité, Mônica é filha também de Terezinha Farias, e hoje reside na capital cearense. Formada em Administração, ela é uma mulher aplicada aos estudos. Tem MBA em gestão, auditoria e perícia ambiental, além de mestrado em Administração.
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O Sítio São Roque é parte de Mônica. Como ela conta, foi o café de lá que a alimentou e educou. O espaço conta a história de sua família, que começa quando seus avós, Alfredo Farias e Amélia, iniciaram o legado familiar. O seu pai foi o responsável por dar continuidade entre 1943 e 2018. Agora, Mônica tem a missão de dar sequência a essa herança.
Em Fortaleza, a cafeteria Atelier 1913 nasceu como uma extensão ao Sítio São Roque, em um momento em que a sua torrefação passou a ser em Fortaleza. Assim, todo o processo do café passou a ser feito, do cultivo à xícara servida.
Para o Sabores da Cidade, ela contou mais sobre sua trajetória, desafios e legado familiar. Leia a entrevista completa abaixo.
Sabores da Cidade: Como foi o processo de a senhora passar a cuidar do legado do Sítio São Roque?
Mônica Farias: Em 2015, o Sítio São Roque foi convidado, na pessoa de papai, a participar da Rota Verde do Café. Na época, eu trabalhava no BNB e era professora universitária. Então, passeia a vir nos fins de semanas, ajudar o papai a receber os turistas com as minhas irmãs, Tereza e Rita de Cassia, e meu cunhado Neto, marido da Tereza.

Então, passei a me envolver mais com o café e fui fazer curso em Minas Gerais com a minha nora Isabelly. Quando o papai faleceu, eu estava mais envolvida com o turismo e com a agricultura.
Uma vez, quando o papai adoeceu, ele ficou em Fortaleza e as minhas irmãs ficaram direto cuidando dele nos fins de semana, eu vinha receber os turistas e o papai passou a me orientar, a passar as informações sobre os trabalhos que os funcionários da lavoura tinham que realizar. Então, quando ele faleceu, eu já estava a par das atividades agrícolas desenvolvidas no sítio.
Como o sítio está ligado a sua história?
O Sítio São Roque é ligado diretamente a minha história de vida. Quando criança e adolescente passava as férias no sítio. E tudo que tenho foi extraído do sítio. O café plantado no sítio foi que nos alimentou, nos educou. O sítio São Roque representa amor, respeito e tradição.
Qual a história por trás do Sítio São Roque?
O sítio conta a história da nossa família desde o vizinho Alfredo Farias e Amélia que geraram nove filhos e dentre eles o meu pai, Gerardo Farias, que construiu a nossa família com a mamãe Terezinha Bezerra, que juntos criaram sete filhos, os quais eu me incluo. O papai deu continuidade do legado do vozinho Alfredo, durante o período de 1943 a 2018.
Como funciona a produção do café no sítio? Quais princípios segue?
A produção do café segue os princípios da sustentabilidade. Desde a sua fundação, o Sítio São Roque trabalha com o sistema agrofloresta, que preserva a mata e evita a erosão, a poluição e destruição do ecossistema da Serra de Baturité.
Trabalhamos com café especial, que todos os defeitos são retirados, sendo um café puro e sem amargor.

A Partir do Sítio, como surgiu o Atelier 1913?
Quando eu e Isabelly fomos para Minas Gerais estudar sobre café, vimos a necessidade de termos uma mini torrefação para sabermos beneficiar o nosso café especial e tirar os atravessadores que compravam o café in natura do meu pai e revendia ganhando mais que o dobro.
Eles cobravam uma saca de café de 60kg por R$300,00 ao meu pai e revendiam por R$800,00. Então, passei a comprar o café do papai por R$800,00 e passamos a torrar, surgindo os cafés Alfredo e Amélia, torrados pela mini torrefação Atelier 1913.
O que inspirou a criação da cafeteria e qual a sua proposta?
Quando transferimos a torrefação para Fortaleza, resolvemos ampliar. Então, pensamos em atender toda a cadeia do café. Do pé à xícara. Então, criamos a cafeteria Atelier 1913, que seria uma continuação do Sítio em Fortaleza.
Quais são os desafios de manter esses dois grandes negócios?
O maior desafio é conciliar os empreendimentos de forma sustentável, visando o equilíbrio econômico financeiro, respeitando as questões sociais e ambientais.

Como é se aventurar nesse mundo de empreendedorismo e gastronomia?
O empreendedorismo é uma luta diária, pois o empreendedor tem que desenvolver múltiplas funções ao mesmo tempo. Exigente disponibilidade, resiliência, dedicação, atualização constante.
Na gastronomia, o foco é oferecer produtos ligados às nossas raízes com qualidade. Tenho a sorte de dividir a gestão do Atelier 1913 com os meus filhos e noras, que são os verdadeiros gestores da cafeteria e torrefação.
Eu sou fornecedora de café para eles. No sítio, nos aspectos agrícolas tenho como parceiro o meu marido, que me apoia e me ajuda no plantio e seleção dos cafés.
Além de ser uma administradora, o que gosta de fazer no tempo livre? Quais os seus passatempos?

Além de ser administradora, sou presidente da Associação dos cafeicultores ecológicos da Serra de Baturite (Ecoarcafe) e da diretoria da Rota Verde do Café do Maciço de Baturité, rota criada pelo Sebrae em 2015.
Nos meus momentos livres gosto de estar com a minha família, de fazer pilates e musculação. Também gosto de ligar e me encontrar com amigos. Gosto de jogar Paciência e assistir Dorama.
Saiba mais
Sítio São Roque
Instagram: @sitiosaoroquemulungu
Contato para agendar visitas: (85) 99917-9923
Atelier 1913
Instagram: @atelier1913cafe
Endereço: Rua Antônio Augusto, 744 – Meireles
Funcionamento: Terça a sexta 12h às 20h | Sábado e domingo 9h às 21h