Entre sabores e histórias: minha jornada no empreendedorismo feminino

Sempre acreditei que as histórias mais importantes nascem nos lugares onde quase ninguém olha. Talvez por isso minha trajetória no jornalismo gastronômico tenha começado observando o cotidiano das ruas, das cozinhas pequenas, dos mercados que guardam cheiros, vozes e afetos que ajudam a contar quem somos.

Não iniciei minha carreira com um grande plano. O que eu tinha era curiosidade, vontade de registrar o que via e a sensação de que a comida dizia muito mais sobre uma cidade do que qualquer discurso oficial. Foi assim que o Sabores da Cidade surgiu em 2009: como um espaço para dar visibilidade a quem faz a gastronomia acontecer no dia a dia, dos empreendimentos consagrados aos lugares que sobrevivem pela força da tradição.

Ao longo dos anos, aprendi que empreender não é só administrar um projeto; é persistir. É atravessar mudanças de mercado, reinventar formatos, ouvir o público e entender que cada história publicada pode fortalecer um negócio, uma pessoa, uma memória. E é isso que me move: saber que meu trabalho conecta saberes, afetos e trajetórias que merecem ser registradas.

Quando decidi que o pratinho de Fortaleza rendia mais do que séries, reportagens e vídeos e levei o tema ao Mestrado em Gastronomia da Universidade Federal do Ceará e que logo virá em formato de livro, percebi que minha caminhada sempre esteve ligada ao mesmo eixo: compreender como a comida constrói identidades e revela formas de viver na cidade. Investigar o pratinho foi, antes de tudo, olhar para uma Fortaleza viva, popular e plural, além de reconhecer que há valor histórico e cultural nas práticas que brotam das ruas.

Hoje, ao olhar para minha trajetória, entendo que o empreendedorismo que conduzo não tem a ver apenas com abrir caminhos profissionais, mas com criar pontes. Entre pesquisa e cotidiano, entre tradição e contemporaneidade, entre quem cozinha e quem consome. É um trabalho que exige rigor, mas também sensibilidade. E que reforça diariamente minha convicção de que a gastronomia é uma forma potente de contar a cidade.

E, neste Dia do Empreendedorismo Feminino, deixo registrada minha inspiração maior: que todas nós possamos seguir abrindo portas, ocupando espaços, construindo narrativas e transformando nossas histórias em caminhos possíveis para outras mulheres. Porque quando uma mulher empreende, ela puxa o fio que permite que muitas outras venham junto.

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