Entrevista: chef Davi Mesquita, a coragem de empreender e a paixão pela gastronomia

Uma paixão que começou com as panelas da mãe e hoje é reverberada na cozinha italiana preparada pelo chef e proprietário Davi Mesquita do restaurante Ma Che!. Formado em Gastronomia, depois de trabalhar em um restaurante italiano, Davi ousou empreender. Começou com sua kombi azulzinha no “boom” dos Food Trucks e o sucesso ficou quando ele resolveu ousar mais e montar seu restaurante fixo. Fortalezense, que ama a cidade que nasceu, Davi continua empreendendo por aqui e tem mais dois projetos em andamento e um na gaveta. Um desses projetos é a Cozinha Maillard, que oferece cursos com chef da cidade. Além dos cursos, acontecem jantares às quintas-feiras, onde ele cozinha para pouquíssimas mesas um menu temático e harmonizado, abordando outras cozinhas como a francesa, espanhola e tailandesa.

Davi, o que lhe trouxe para a cozinha?

Desde muito novinho acompanhava minha mãe na cozinha e, mesmo sendo o filho mais novo de três homens, era eu que desbravava o fogão e sempre fazia jantares para os mais velhos!

Qual sua formação e como escolheu a cozinha italiana?

Sou formado em Gastronomia e no segundo mês de faculdade fui convidado para trabalhar em um restaurante de um italiano que hoje é um grande amigo, o Fabio Felle, do Restaurante Anzio Gastronomia. Eu não escolhi a cozinha italiana, ela me escolheu e me fez amar o fogo, os sabores e a magia de uma culinária que te abraça a cada garfada! A Itália tem a sua gastronomia tradicional, é uma cozinha de mãe e avó!

Como foi o projeto para criar o Ma Che!?

O Ma Che! surgiu de um sonho de pequeno em ter meu próprio restaurante, mas a grana era um obstáculo, mesmo tentando economizar ao máximo naquela época. Em 2014, estava chefiando um restaurante no Porto das Dunas, quando o movimento dos Food Trucks estava se fortalecendo em São Paulo. Então, comecei a pesquisar como viabilizar esse projeto ainda em 2014, até que consegui modificar uma kombizinha antiga, ano 89, e foi nela onde tudo começou para o Ma Che!

Já aconteceu algo inusitado na trajetória do Ma Che! E na sua como chef da casa?

Nada para o Ma Che! foi muito fácil. Começando pela nossa kombizinha azul, que ficou no prego 16 vezes antes do primeiro dia de funcionamento. Cheguei a ficar no prego depois de acabar de sair da oficina, enquanto levava a azulzinha para a garagem. Acabei aprendendo o nome de todas as peças de uma kombi!

Como é ser chef do Ma che!?

O Ma Che! é meu xodozinho e amo elaborar pratos novos para ele, mas hoje estou bastante focado na Experiência Maillard. Hoje, acredito que lá é onde saio da minha zona de conforto e começo a me redescobrir!

Qual foi seu maior desafio como profissional da gastronomia?

Com toda a certeza é empreender e ser cozinheiro ao mesmo tempo. Acho que os chefs que aceitam esse desafio são verdadeiros loucos pelo que fazem, muito corajosos e dignos de aplausos.

Quais os profissionais de gastronomia que você admira? Por quê?

Com toda certeza tenho um carinho especial com meu primeiro mestre Fabio Felle. Mas também admiro a consistência do trabalho de vários chefs, como Elcio Nagano e Bernard Twardy. E fora de Fortaleza, aprecio demais as chefs Manu Bufara e Paola Carosella.

Como você avalia o atual cenário da gastronomia cearense?

Amo nossa gastronomia local e adoro ver nossos chefs locais explorando e inovando. É uma certeza que está em constante evolução!

Quando não está trabalhando, quais restaurantes gosta de frequentar? Você tem um prato cearense típico preferido?

Meus top 3 restaurantes de Fortaleza são clássicos que não desapontam: Anzio Gastronomia (Italiano), Marquês da Varjota (Português) e La France (Francês). Apesar de não ter citado nenhum regional entre os três preferidos, amo a culinária cearense e meus pratos preferidos são clichês como carne de sol com macaxeira, peixe frito com baião e um bom fígado acebolado.

O que você considera que é ruim na gastronomia e o que é bom?

Na minha opinião, algo ruim na gastronomia é o modismo, que muitas vezes obriga vários estabelecimentos a mudarem sua personalidade para conseguirem se manter em alta. A parte boa da gastronomia é receber as pessoas, proporcionando a elas felicidade em forma de boa comida.

Pitadas do chef:

O que não pode faltar na sua cozinha?

Azeite, alho e amor!

Qual receita de família é marcante para você? De quem é?

Caranguejada, herança do meu pai, que era de Parnaíba/PI.

Uma música para ouvir cozinhando?

Sou super democrático e pode tocar de tudo, só não pode ficar na passagem e atrapalhar o fluxo.

Livro predileto?

Escoffianas Brasileiras, do Alex Atala.

Para você, quais os sabores da cidade de Fortaleza?

Um almoço no Mercado São Sebastião ou Mercado dos Peixes.

Um lugar em Fortaleza fora da cozinha?

As praças e feiras com espaços gastronômicos, minha vida respira cozinha, mesmo não estando entre quatro paredes.

O Ma Che! tem mesas disponíveis no Primeira Mesa Fortaleza: clique aqui para conferir!

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