Crônica: Sabores em campo

Italo Borges

Por Italo Borges
Especial para o Sabores da Cidade

Esse Sabores na sua casa edição especial foi uma verdadeira seleção. Me fez recordar áureas épocas pré 7×1. A geração noventista sabe o que foi a dupla Romario e Bebeto. Essa reminiscência de um bom toque de bola é um paralelo futebolístico para o que experienciamos em termos gastronômicos.

De modo despretensioso Ramires Meneses chega a um minuto do apito inicial e já nos traz perfumes que só a mística do Levain é capaz de proporcionar, some-se a isso alguns cogumelos refogados e a harmonização de Izakeline Ribeiro com uma surpreendente cachaça-tônica e voit là: as entradas que nos mostraram que o jogo estava apenas começando, pois o cruzamento foi recebido pelo Alex Bicudo que, magistralmente, já cuidara de todo o mis en place e, enquanto saboreávamos a entrada, estava comandando a praça do prato principal com toda a alquimia de um molho de inspiração sorentina. Como um centro avante que nos brinda com a alegria de um drible rumo à meta adversária, apresenta um bucatini al limone et gamberi devidamente encaixado com a acidez e refrescância do vinho verde (Casal Garcia) proposto pela sommeliere da noite.

Daí em diante, Luiz Braga fica de cara pro gol, não sem antes nos emocionar com uma sobremesa capaz de converter até os que costumam passar batido nos doces: frutas amarelas em perfeitas cocções aliadas a um sour cream com topo de crumble de coco com castanha trouxe o toque de Nordeste que, aliado a uma stout coffee de nos fazer pensar que se tratava de um café gelado, embarque sinestésico que faltava pra matar no peito e chutar a gol. A glória máxima do esporte bretão resume esta descrição de um jantar entre amigos admiradores da gastronomia, afeto e bom papo.

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