Jeremy Starrett, chef escocês de alma cearense, que trocou a administração pela gastronomia: “Cozinhar me fazia bem mais feliz”

Jeremy Starrett, um escocês de alma cearense, que chegou na terra do sol guiado pelo amor por sua esposa, Carolina Alencar. No Ceará, o chef, que estudou no Institut Paul Bocuse, em Lyon, na França, trouxe sua expertise para a cena gastronômica de Fortaleza.

Em solo cearense, Jeremy, junto de sua parceira, criou o Brewstone Pub, um restaurante que fabrica a sua própria cerveja. Em sua trajetória, o chef conquistou vasta experiência em diversos restaurantes, incluindo trabalhar em um 2 estrelas Michelin.

Jeremy Starrett (Foto: Arquivo pessoal)

Jeremy até tentou outra carreira. Iniciou uma faculdade de Administração, mas logo percebeu que, segundo ele, cozinhar o fazia bem mais feliz que criar planilhas. Desde cedo ele aprendeu a conduzir uma cozinha, quando fazia, ao voltar da escola, o seu próprio almoço.

Ao Sabores da Cidade, Jeremy detalhou mais sobre sua trajetória profissional, além de contar mais sobre o Brewstone Pub. O chef traz também um pouco dos desafios que o levaram a aprender acerca do mundo da gastronomia. Ele comenta, ainda, curiosidades para além da persona chef.

Sabores da Cidade: Como a gastronomia entrou na sua vida? Sempre foi a carreira dos seus sonhos?

Jeremy Starrett: Sempre gostei de comer, desde criança. Eu voltava sozinho da escola e já fazia meu próprio almoço. Às vezes dava certo, às vezes nem tanto. Só não achei que isso podia virar uma carreira até entrar na minha primeira faculdade, que era de administração. Mas no fim das contas, percebi que cozinhar me fazia bem mais feliz do que planilhar.

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Na sua jornada como chef, quais foram os maiores desafios até agora?

Sem dúvida, trabalhar num restaurante 2 estrelas Michelin. O chef gritava o tempo todo, a pressão era absurda, todo dia era turno dobrado. Saí de lá pesando 67 kg e com os ouvidos um pouco mais resistentes. Foi puxado, mas aprendi muito, inclusive resiliência, como receber críticas e crescer com elas. E sobrevivi para contar a história.

Na sua cozinha, como funciona o seu processo criativo para pensar novas criações?

Depende muito do contexto. Aqui no Brewstone, o foco é sempre no sabor e no que conseguimos enviar bem em grande escala. Em alguns outros restaurantes que eu trabalhei os pratos eram mais detalhados. Na elaboração de um prato você pensa em apresentação e demonstração de técnica.

Como surgiu a ideia de empreender e ter o Brewstone?

Foi numa viagem com minha esposa em Campos do Jordão. Estávamos num brewpub tomando boas cervejas, e ela perguntou: “Por que você não faz algo assim?”. Respondi: “Por que não?”. E cá estamos. Uma ideia meio na cerveja, meio na coragem, mas que deu certo.

Jeremy e Carolina (Foto: Arquivo pessoal)

Sua cozinha tem uma filosofia específica? Se sim, como você a aplica nos seus pratos?

Olha, acho que a minha filosofia é justamente não ter uma filosofia fixa. Trabalhei em muitos estilos diferentes de restaurantes, e o Brewstone ainda é diferente de todos. O segredo é entender onde estou, qual o conceito, quem são os clientes, e entregar o melhor produto possível dentro desses parâmetros. Mas sempre com foco no sabor. Isso nunca muda.

Há alguma novidade surgindo ainda em 2025 para o Brewstone? Algo que possa nos contar?

Estamos cogitando algumas ideias, sim, mas nada concreto ainda. Só posso dizer que, como sempre, vai ter comida boa, cerveja gelada e, quem sabe, umas surpresas pra animar ainda mais quem vem nos visitar.

Para quem ainda não conhece, como você descreve o Brewstone? Qual a proposta do restaurante?

O Brewstone é um brewpub, ou seja, um restaurante que fabrica sua própria cerveja. Queremos criar um espaço acolhedor, onde a pessoa possa vir até de chinelo e se sentir em casa, da mesma forma que a pessoa de terno e gravata. Aqui, desde os molhos até os pães são feitos na casa. E temos uma variedade enorme de pratos.

Quem é o Jeremy fora da cozinha? O que gosta de fazer e o que te representa?

Difícil essa. Acho que trabalho demais. Mas fora da cozinha, gosto de sair pra comer em outros lugares, conhecer novos sabores. E mais recentemente, foquei na minha saúde, comecei a correr e fiz minha primeira meia maratona semana passada. Virou um hobby muito bacana. E descobri que tem uma comunidade de corredores gigante aqui em Fortaleza.

Por último, qual conselho você dá para quem está iniciando na gastronomia e tem o desejo de ter o seu próprio negócio?

Seja curioso. Vá conhecer grandes casas, hotéis, veja como são os sistemas de organização e, principalmente, procure os lugares difíceis, é lá que você mais vai aprender. Não tem moleza, tem que trabalhar duro pra atingir seus objetivos. Mas se for com paixão, vai valer cada gota de suor.

Pitadas de Jeremy

O que não pode faltar na sua cozinha?
Meu defumador.

Qual receita de família é marcante para você? De quem é?
Ostras gratinado com molho de champagne da minha tia. Sempre fazemos no Natal e agora a minha família brasileira adoptou também.

Uma música para ouvir cozinhando?
Nesse momento todos as musicas do “Boston Bun”.

Livro predileto? Não precisa ser de gastronomia.
Kitchen Confidential: Anthony Bourdain

Para você, quais os sabores da cidade de Fortaleza?
Carneiro cozido, Agua de coco, o molinho que vem com caranguejo na praia

Um lugar em Fortaleza fora da cozinha?
Correr de madrugada na chuvinha na Beira Mar

Serviço

Brewstone Pub
Instagram: @brewstonepub
Endereço: Rua Marvin, 1060 – Parque Manibura
Funcionamento: Almoço executivo: Qua a Sex 12h às 15h | Qua e Qui 12h às 23h | Sex e Sáb 12h às 00h | Dom 12h às 22h

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