Marcelo Widney: maître do Amecari que aposta em um atendimento humanizado e na excelência

Natural de Itarema, no Ceará, Marcelo Widney partiu cedo de sua terra rumo a São Paulo. No Sudeste começou a sua trajetória no ramo do atendimento. De lá para cá, sempre em busca de ajudar sua família e conquistar a independência, o profissional passou por várias das seções de um restaurante, do salão à cozinha.

Ele retornou ao Ceará em 2019, onde iniciou o seu próprio negócio, mas com a pandemia da Covid-19, em 2020, o projeto foi encerrado. De volta a área de restaurantes, experiências e treinamentos o tornaram um profissional de excelência. Hoje, após passar por alguns empreendimentos, Marcelo ocupa a função de maître no restaurante Amecari, do chef Frederico Jayme.

Foto: Arquivo pessoal

Além de maître, Marcelo também é tatuador, o que o fez vivenciar algumas histórias inusitadas, como o episódio em que um cliente descobriu sua outra profissão e o pediu para realizar uma tatuagem. “Um cliente descobriu que eu também era tatuador. Ele me pediu uma tatuagem com o nome dos netos em aramaico, a língua do pai dele”, contou.

“Ambas as profissões têm algo em comum: lidam com pessoas, histórias e confiança”, completa o profissional, que equilibra suas diversas versões.

Ao portal Sabores da Cidade, o profissional detalhou sua trajetória, desafios e mais sobre quem é o Macelo Widney. No Amecari atualmente, ele conta mais sobre seu “atendimento mais personalizado e eficiente”, além de como lida com o cardápio sazonal, que sempre traz novidades, as quais ele precisa conhecer bem para auxiliar cada cliente. Confira a entrevista completa abaixo.

Sabores da Cidade: Marcelo, conta um pouco da sua trajetória até ser maître.

Marcelo Widney: Comecei minha trajetória no ramo de atendimento em São Paulo, apesar de ser natural de Itarema, no interior do Ceará. Saí cedo da minha terra com o sonho de conquistar minha independência e ajudar minha família. Meu primeiro contato com a área foi nos bares da região de Pinheiros, onde atuei como copeiro e, depois, como barman. Com o tempo, mergulhei em diferentes setores de restaurantes, da cozinha ao salão, e aprendi a importância de cada etapa do serviço.

Em 2019, retornei ao Ceará e iniciei um negócio próprio na área da panificação, em Moitas, Amontada. Infelizmente, com a chegada da pandemia, o aumento nos custos e a quarentena forçaram o encerramento do projeto. Foi então que voltei ao setor de restaurantes, minha verdadeira paixão.

Entrei no Makena Hotel, em Icaraizinho de Amontada, como barman e, em pouco tempo, me tornei garçom. Foi uma das experiências mais enriquecedoras da minha carreira. Os treinamentos constantes em excelência no atendimento despertaram em mim o desejo de me aperfeiçoar cada vez mais.

Logo depois, fui convidado a liderar a equipe de atendimento do restaurante Aroma Club de Mar, também em Icaraizinho. Ali, pude compartilhar meus conhecimentos e me aprofundar no papel de liderança. Com tudo em ordem, decidi me mudar para Fortaleza, onde me reconectei com a energia dinâmica que sentia em São Paulo.

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Trabalhei no Loft Gastro Jazz, à frente do salão, até agosto do ano passado. Em seguida, recebi o convite para integrar a equipe do chef Frederico Jayme, onde atuo até hoje como maître no restaurante Amecari, a proposta de se reinventar toda semana pra mim foi o que me chamou mais a atenção em fazer parte dessa equipe.

Quais os desafios de trabalhar com atendimento ao público?

O maior desafio da nossa profissão é a crescente escassez de profissionais dispostos a crescer e aprender. Novos restaurantes surgem o tempo todo com ideias incríveis, mas muitas vezes sem a devida estrutura de treinamento para suas equipes.

Minha metodologia é baseada na parceria com minha brigada. Acredito que liderar é jogar junto: criar um ambiente leve, de respeito mútuo e aprendizado constante. Um atendimento humanizado começa internamente. Dominar o menu, antecipar as necessidades do cliente e ser detalhista são pilares do meu serviço. O diferencial está na atenção aos detalhes.

Foto: Arquivo pessoal

Tem alguma história inusitada que você acabou passando durante sua jornada como maître?

Tenho muitas histórias curiosas nessa jornada, mas uma em especial me marcou profundamente. Quando ainda trabalhava como garçom no Makena, um cliente descobriu que eu também era tatuador. Ele me pediu uma tatuagem com o nome dos netos em aramaico, a língua do pai dele.

Ele havia viajado o mundo inteiro, mas escolheu fazer essa tatuagem ali, comigo, em Icaraizinho. Isso me tocou profundamente e me mostrou o valor que existe em cada conexão que criamos, tem uma frase que levo comigo “ nada substitui um bom serviço “.

Como tem sido ser o responsável por gerir o atendimento no Amecari?

Estar à frente de uma equipe exige empatia, firmeza e escuta ativa. No Amecari, faço pequenos briefings antes do serviço, ouço minha equipe, e juntos estudamos o cardápio, que é sazonal. Isso nos permite antecipar restrições alimentares e prestar um atendimento mais personalizado e eficiente. Me sinto realizado, exercendo um trabalho em que acredito, estou bem aqui, acredito que estamos no caminho certo.

Amecari (Foto: Reprodução/Redes sociais)

O que é importante para realizar um bom atendimento? O que não pode faltar?

Empatia, escuta ativa, paciência e conhecimento do menu. É fundamental entender o cliente, se comunicar com clareza e resolver situações com agilidade e educação. Respeito, atenção e clareza são indispensáveis, o cliente precisa se sentir ouvido e valorizado. Ouvir um elogio ou ver alguém voltar por causa do atendimento é o maior reconhecimento que posso receber, é gratificante.

Além de maitre, também é tatuador. Como equilibra essas suas versões?

Maître e Tatuador pode parecer improvável para alguns, mas para mim é uma forma de expressar diferentes lados do que sou. Como maître, ofereço acolhimento, organização e atenção aos detalhes. Como tatuador, me conecto através da arte, da escuta e da sensibilidade.

Ambas as profissões têm algo em comum: lidam com pessoas, histórias e confiança. Um lado me ensina sobre o outro, e isso me faz crescer como profissional e como ser humano.

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Quem é o Marcelo fora desse espaço? O que gosta de fazer no tempo livre?

Trabalho em áreas que exigem muito de mim, tanto física quanto mentalmente. Por isso, valorizo ao máximo meus momentos de calma. Gosto de cozinhar, tomar um bom vinho com minha família e deixar o jazz e o blues preencherem o ambiente, sons que me acompanham desde os tempos do Loft e que me ajudam a desacelerar.

Nos meus dias de folga, busco equilíbrio: passeio com minha família, faço meus treinos de musculação, descanso, leio um bom livro e, sempre que posso, visito restaurantes novos. Observar o que está acontecendo no mercado e me manter atualizado também é uma forma de prazer. É isso: viver com propósito, com simplicidade e com atenção aos detalhes, dentro e fora do trabalho.

Serviço

Amecari Restaurante
Instagram: @amecarirestaurante
Localização: R. Silva Paulet, 1100 – Aldeota
Funcionamento: Jantar: Qua-Sáb 19h-23h | Almoço: Qui-Sáb 12h-15h

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