Chef Karol Teodoro: “Comida é uma forma de contar nossa história, de unir pessoas, celebrar”

Nos três anos de Aconchego, a chef Karol Teodoro conta novidades nos serviços e menu do restaurante

Chef Karol Teodoro (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Rever a rota, dar sentido ao caminho. A chef Karoline Teodoro, ou Karol, foi apresentada à gastronomia há sete anos. Uma autodidata na culinária, formada em administração de empresas, mas que conduz a cozinha como ninguém, ela decidiu mudar de profissão e mergulhou nas possibilidades de combinar sabores.

Em pouco tempo, a profissional já é reconhecida como uma das chefs de destaque da capital cearense, feito evidenciado por meio da sua indicação na categoria Melhor Chef do prêmio Melhores Sabores da Cidade 2024.

Nascida em Fortaleza, mas com origens em Cosmo Paes, em Quixeramobim, Karol foi introduzida pouco a pouco à cozinha profissional. O que começou como um gesto de experimentar a cozinha de forma amadora, preparando comidas para familiares e amigos, foi expandindo, tomou praças, calçadas e feiras até chegar a um restaurante em prédio histórico no centro da cidade.

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Em 2020, no delicado momento da pandemia da Covid-19, a chef participou do projeto social Auê do Amor, uma iniciativa que produzia quentinhas para pessoas em situação de vulnerabilidade. À época, Karol, que até então trabalhava apenas em casa, conheceu outros cozinheiros e pessoas da área. A partir daí, ela iniciou a jornada na restauração.

Idealizadora do restaurante Aconchego, um restaurante de cozinha contemporânea cearense, que fica no centro de Fortaleza, no mesmo prédio do Museu da Indústria, Karol administra a casa que completa três anos em 2025, um empreendimento que carrega história desde a sua criação.

Chef Karol Teodoro (Foto: Arquivo pessoal)

Em entrevista ao Sabores da Cidade, a chef conta sobre desafios e inspirações. Karol conta também o que pode vir de novo no Aconchego, onde ela comanda a cozinha. Serviço de delivery e novidades para o menu são apontados para 2025.

Confira a entrevista completa

Redação do Sabores: Como a gastronomia entrou na sua vida? Você sempre soube que queria seguir essa carreira?

Chef Karol Teodoro: A gastronomia é uma coisa relativamente recente na minha vida. Eu comecei a cozinhar de forma profissional aos 26 anos, estou com 33, então fazem sete anos que eu estou trabalhando com isso e com restaurantes fazem cinco, desde 2020.

Então, eu sou autodidata na gastronomia, não tenho formações técnicas ou superiores na área. A minha formação é administração de empresas e eu trabalhava em mercado privado, mas confesso que em determinado momento eu estava muito insatisfeita com a minha carreira e eu abdiquei disso, pedi demissão. E fiquei em casa durante um tempo. Pela primeira vez eu fiquei sem fazer nada. Eu sempre fui muito ativa, descobri que dava muita fome e fui pra cozinha cozinhar. Comecei a fazer comida de forma amadora para mim, para os meus familiares, para os meus amigos e as pessoas provavam, diziam que gostavam. E aí eu vi nisso uma oportunidade de uma profissão e comecei a vender, né? Fazia comidas em casa, para encomendas.

Chef Karol Teodoro (Foto: Arquivo pessoal)

Depois eu comecei a preparar comidas em casa e vender em praças, em calçadas, em feiras. O famoso pratinho. E daí eu fui desenvolvendo o meu trabalho dentro da gastronomia, dessa forma muito genuína, observando as oportunidades e crescendo dentro disso. E em 2020 teve a pandemia, eu entrei num projeto social que foi a Auê do Amor, que a gente fazia quentinhas para pessoas em situação de vulnerabilidade. E lá foi que eu fiz o networking, conheci outros chefs, outros cozinheiros, outras pessoas da área. E aí começaram a surgir as oportunidades. Foi quando eu abri o meu primeiro restaurante, em 2020.

Na sua trajetória profissional, quais foram os maiores desafios que você enfrentou?

Os desafios fazem parte da natureza gastronômica, e uma área dinâmica, com muitas torneiras, exige olhares atentos a diversos setores ao mesmo tempo. Não é só sobre cozinha, é atendimento, compras, gestão, são diversos pratos e exigem uma equipe muito engajada e treinada.

Qual a proposta da sua cozinha e como você a aplica nos pratos que cria?

Temos o propósito de oferecer entretenimento gastronômico de qualidade para quem visita o centro histórico de Fortaleza, e pra isso fazemos uma gastronomia contemporânea cearense. O objetivo é trabalhar com insumos da nossa terra mas apresentando de uma forma criativa, inovadora e autoral.

Prato Mari Brasa, do Aconchego (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Quem é a Karol fora da cozinha?

Eu amo a natureza. É minha maior inspiração. Gosto de estar sempre em movimento, por isso pratico alguns esportes. E também me mantenho muito próxima da espiritualidade.

O Aconchego está completando três anos em 2025. Como tem sido comandar a cozinha do restaurante? O que você destaca de aprendizado?

Nesses três anos, o Aconchego passou por muitas transformações, mas nunca nos distanciamos do nosso propósito, só fomos crescendo e nos adaptando às melhorias necessárias. Ampliamos para um espaço de cafeteria dentro da exposição do café, fizemos eventos importantes além da operação do dia a dia. E junto com o desenvolvimento dele, tem o nosso, das pessoas que fazem o Aconchego acontecer.

A gente se desenvolve junto. Eu destaco como aprendizado duas coisas: continuar sempre fazendo um trabalho autêntico. Nós temos muita criatividade para isso, e nunca parar de se mexer, pois se abre o caminho caminhando.

Chef Karol Teodoro comanda a cozinha do restaurante Aconchego (Foto: Arquivo pessoal)

O que podemos esperar do Aconchego nesse novo ciclo? Há algum projeto, nova linha de pratos ou até mesmo alguma novidade que você possa nos contar?

Pode sempre esperar novidades do Aconchego! Estamos sempre desenvolvendo coisas novas. Para este ano, vamos lançar nosso delivery, com uma linha de produtos e um cardápio bem variado para levar a experiência do Aconchego para as casas dos nossos clientes e apoiadores. Isso vai acontecer já já. E, além disso, anualmente eu mudo o menu fixo.

O Aconchego passou por algumas mudanças no menu desde o início do funcionamento. Falando sobre o processo criativo, como você se inspira para criar novos pratos?

Eu me inspiro o tempo todo, mas não dá para ficar mudando o menu toda vez que tem uma ideia boa. Para isso, eu faço menus sazonais, que rodam em paralelo com o fixo. Às vezes, eles duram uma semana, um mês ou três meses. Aí eu aproveito pra aplicar essas ideias novas e aproveito as melhores para o menu fixo seguinte. Eu passo o ano todo testando e desenvolvendo pratos, visando o próximo projeto fixo anual.

Prato Caju Menininho, do Aconchego (Foto: Reprodução/Redes sociais)

Curiosidade: Se você tivesse que preparar um prato para uma pessoa muito especial, qual seria e por que escolheu esse prato?

O que me veio na mente agora foi uma polenta mole de milho, amanteigada, com um ragu de legumes, castanha, no molho com bastante umami e agridoce. Eu gosto muito de trabalhar com vegetais de forma geral e acho comidas assim, quentinhas e de texturas leves, são muito aconchegantes.

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O que a comida representa para você de uma maneira mais pessoal? Como ela reflete sua própria identidade e visão de mundo?

Eu acho que comida é uma forma de contar nossa história, de unir pessoas, celebrar, alimentar e uma coisa muito bonita. Uma forma de acarinhar e fazer laços. E através dela, além de cuidar das pessoas, eu também consigo me expressar. Combinar ingredientes, fazer apresentações, mostrar meu lado artístico. Isso me alimenta de todas as formas possíveis.

Por fim, para quem está começando na gastronomia e tem o sonho de se tornar chef, quais conselhos você daria para quem deseja seguir a profissão?

Entenda o motivo pelo qual estar querendo ou fazendo isso. Encontre sabedoria na sua profissão, independente de qual seja. Sabedoria é conhecimento aplicado com amor. Se você não fizer com amor, querendo realmente que dê certo, realmente que o outro fique feliz com aquilo que você está fazendo, você precisa desenvolver mais essa sabedoria. O conhecimento técnico aplicado com amor que vai te levar mais longe.

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