
A culinarista e apresentadora Bela Gil participou da programação da “Semana S do Comércio de Bens, Serviços e Turismo”, promovida nos dias 16 e 17 de maio, e idealizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), e realizada pela Fecomércio Ceará, Sindicatos Empresariais, Sesc e Senac.
Em bate-papo mediado por Vanessa Santos, consultora de gastronomia do Senac Ceará, a culinarista discutiu sobre alimentação, educação e transformação, abordando a temática “O papel formador da comida” no sábado, 17.
Bela Gil comanda o restaurante Camélia Ododó, em São Paulo. Ao Sabores da Cidade, a chef destacou como aplica, em seu restaurante, essa lógica de uma comida que educa e gera transformação, além de ressaltar a gastronomia como ferramenta de independência. Bela também disse o que mais gosta de comer quando está em Fortaleza. Veja entrevista abaixo.
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Sabores da Cidade: Qual é o papel formador, por meio da comida, no entendimento de enxergá-la como um direito e não apenas mais como uma mercadoria?
Bela Gil: Bom, acho que o primeiro ponto é o conhecimento, né? A gente ter o conhecimento, o entendimento de que a comida é uma alimentação adequada, é um direito, é o primeiro passo para a gente, para a população, não sentir que tá pedindo favores, sim, está requerendo os seus direitos, né? Quando a gente entende que comer bem deveria ser uma possibilidade para todos, a sociedade em si consegue mudar e pressionar para que a alimentação saudável se democratize na nossa sociedade.
Como é que você aplica na prática esse tema da transformação pela alimentação?
Bom, o Camélia é um restaurante que a maior parte dos ingredientes vêm da agricultura familiar, são produtos agroecológicos, produtos que não usam veneno, então eu gosto de mostrar que é possível a gente ter um comércio, ter uma empresa, fazer um trabalho coerente com a nossa linha de pensamento e o Brasil é esse país que tem muita coisa, principalmente muitos alimentos orgânicos, muitos alimentos saudáveis que precisam ser conhecidos, precisam ser consumidos.
Então ter essa relação do Camélia com a compra diretamente dos produtores é muito bom tanto para o restaurante quanto para quem está produzindo, então me sinto muito bem nessa relação, mostrar para as pessoas que é possível ter um negócio sustentável. E focado na boa alimentação.

Comenta um pouco mais sobre essa capacidade da gastronomia de dar autonomia para as pessoas, especialmente mulheres, de educar e de transformar.
Então, o acesso ao conhecimento traz muito poder para a gente, né? E eu acho que a gastronomia em si, como uma ferramenta de transformação social, já tirou muitas mulheres de situações, por exemplo, de violência doméstica, de abuso, porque as mulheres que aprendem a cozinhar montam o seu próprio negócio, a sua barraquinha, a sua empresa, as marmitas, enfim.
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A forma como ela quiser usar a gastronomia para gerar fonte de renda própria é fundamental para que ela tenha essa autonomia e liberdade de poder fazer e escolher o que ela quiser da vida dela, sem depender dessa forma, mensalmente, de ninguém.
Em sua fala, você disse que há “desperdício de muita coisa necessária para que aquele alimento estivesse naquela mesa”. Quais caminhos você enxerga e a dimensão do problema sobre o desperdício de alimentos?
O desperdício [de alimentos] é um problema porque tem barreiras políticas, econômicas e sociais, que muitas vezes dificulta para a gente achar uma solução. Eu acredito que a solução está na integração do Estado, das empresas e das pessoas. Cada um fazendo a sua parte, a gente consegue resolver esse problema.
Bela, quando você vem a Fortaleza, o que gosta de comer da cozinha local?
mel de caju, a cajuína, o caju-passa, que é algo que não se encontra fora do Ceará, não consigo encontrar em nenhum lugar e eu sou apaixonada.