Café do Vagão: um capuccino com história e livros, por favor

Por Juciana Gurgel

Minha última lembrança mais consistente que tinha do vagão de trem na praça Luiza Távora é da minha filha em alta velocidade em cima de seus patins, descendo a rampa que dava acesso ao local. Em uma tarde estranhamente londrina dessa Fortaleza, que costuma ser quente, resolvi voltar com ela (agora mais crescida) no mesmo local com o objetivo de fazer um lanche e conhecer a cafeteria que montaram no vagão, um lugar com potencial nostálgico.

Na porta, uma simpática recepcionista contou que o vagão era de 1938 e nomes ilustres como Rachel de Queiroz, Padre Cícero e o ex-presidente Getúlio Vargas já tinham andado naquele trem por trilhos que já não existem mais. Segundo minha pesquisa Google, ela estava certíssima nas informações repassadas. Só para completar, o vagão de madeira operou pela Rede de Viação Cearense, era de primeira classe e puxado por uma locomotiva a vapor.

Depois de esperar um pouco, o vagão é disputado no final da tarde, entramos num ambiente que considerei encantador. Reformado pelo Governo do Estado do Ceará, administrado pela marca Três Corações, esse espaço conta com uma biblioteca itinerante montada pelo SESI Ceará. A cafeteria Santa Clara Luiza Távora tem mais dois ambientes, um aberto ao lado do vagão e outro ponto em um dos castelinhos da Praça Luiza Távora, este último traz outro conto da história de Fortaleza.

Um capuccino com chocolate em excesso por cima, do jeito que eu gosto, um chocolate quente e um croissant de peito de peru e mussarela foi suficiente para aplacar a fome de mãe e filha. Percebi, que quem faz sucesso mesmo no local era a coxinha de frango ou camarão em tamanho G, que tomava de conta da maioria das mesas. A garçonete igualmente simpática e atenciosa explicou o que a cafeteria oferecia além do cardápio, cuscuz, tapioca, salgados diversos, chás, cafés em vários estilos e capuccinos em diversas versões. O cardápio definitivo será implantado em breve e há boatos que várias receitas da casa como a Torta Banoffe estarão presentes.

Depois que minha conversa na mesa foi vencida pelo Tik Tok do celular alheio, me entretive com os livros da biblioteca do local com histórias do Ceará, uma seleção que realmente combina com o lugar. Um bom lanche, uma boa conversa (apesar do Tik Tok) e algumas linhas de história me trouxeram um momento singularmente feliz.

O certo é que o vagão está bem requisitado pelos frequentadores e as crianças ainda correm pela rampa. Para alguns o “treme treme” da brincadeira incomoda, a mim não, só me traz boas lembranças do quanto aqueles patins eram pura emoção.

Endereço: Praça Luiza Távora

Horário de Funcionamento: Todos os dias, das 8h às 21h, o espaço no Castelinho fecha apenas na segunda-feira.

Mais detalhes da cafeteria

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